Jornal Biosferas

Brand


ARTIGOS: Bioética




Bioética: Desafios Contemporâneos

Até quando lidaremos com novos avanços face à teimosa existência de um passado de longe já ultrapassado?

Etimologicamente, “ética” deriva do grego “ethos”: modo de ser, caráter. É a reflexão filosófica sobre a moralidade, isto é, uma reflexão sobre “regras” e códigos morais que norteiam a conduta humana. Sua finalidade é esclarecer e sistematizar as bases de fatos morais e determinar as diretrizes e os princípios abstratos da moral. Neste caso, a ética é uma criação consciente, espontânea e reflexiva acerca da moralidade – uma reflexão sobre os costumes ou sobre as ações humanas em suas diversas manifestações nas mais diversas áreas.

Para que exista uma conduta ética, é necessário que o agente seja capaz de diferenciar o bem do mal, os quais são mutáveis ao longo do tempo. A esse diferenciar, damos o nome de Consciência Moral quando também avaliamos, julgamos as condutas e agimos conforme os padrões morais.

Junto a esse contexto do preservar o coletivo temos, no campo das Ciências, novas tecnologias que surgiram e rapidamente se desenvolveram nos campos da Medicina e áreas da Biologia, originando a necessidade de haver inéditas decisões morais. Como exemplo dessas novas tecnologias, temos técnicas de ventilação e circulação artificiais, reprodução assistida, terapia gênica e prolongamento da vida vegetativa de um doente terminal. Em outros tempos, tais “tecnologias-problemas” nem surgiam: morte inevitável. Mas e hoje? Quando é ético administrar ou interromper esses cuidados intensivos? O apelo e impulso provenientes de homens da Ciência, assim como das tecnologias, foram matérias-primas para o surgimento de uma nova visão ética – a Bioética.

Implantada numa área de intersecção de vários saberes das tecnociências (principalmente Biologia e a Medicina), das humanidades (Filosofia, Ética, Teologia, Psicologia, Antropologia), Ciências Sociais (Economia, Sociologia) e do Direito, a Bioética transcende o âmbito, o discurso, os métodos e os objetivos da Ciência, se atentando para a discussão social de grandes problemas da humanidade.

A transdisciplinaridade da Bioética tende a manter a autonomia e independência das áreas científicas e das humanistas, respeitando e aceitando os diferentes métodos, linguagens, objetivos e conclusões, mas, procurando a sua complementaridade buscando respostas globais para a defesa da dignidade humana. Esta heterogeneidade de uma sociedade pluralista de horizontes ideológicos heterogêneos acerca dos valores da vida e da morte constitui a causa dos problemas Bioéticos.

Questionar a vida, as formas de vida, seu início, desenvolvimento e fim, é uma tarefa que requer muito cuidado quanto ao local, o grupo e as idéias apresentadas. Tais “respostas” não podem ser impostas aquele(s) grupo(s) que discorda(m). É necessário estudar a cultura local para uso futuro do termo Bioética. A Bioética e suas relações com o mundo podem ser compreendidas quando analisadas quatro características: atuação social perante figuras de autoridade, relação dos indivíduos com a sociedade, as definições e imagens de masculinidade e feminilidade individuais e o como a sociedade lida com conflitos e incertezas diversos.

Sabe-se então que naturalmente o ser humano melhor convive em sociedade quando subordinado por outro semelhante ou quando em meio a um programa ou sistema de desenvolvimento. É a evidência de diferentes poderes nas classes sócio-econômicas. É o olhar da Bioética ressaltando que grupos com menores desigualdades são os que terão maiores chances de opinar em questões acerca da vida.

Também há características que nos dividem quanto ao “gênero”: o sexo e a opção sexual. Tal divisão ocorre naturalmente e gera diferenças no agir, pensar, imaginar e ver o mundo de homens e mulheres. Como já divulgado pela mídia, soubemos da preocupação em manter uma quantia igual de homens e mulheres nos comitês de Ética e Bioética, para termos melhores soluções, idéias viáveis para incertezas e conflitos ocorrentes em sociedade, uma vez que, biologicamente, são diferentes as maneiras de agir entre homens e mulheres.

Tais incertezas e conflitos existentes em uma sociedade servem para classificá-la como “ansiosa” ou não quanto ao resolver tais conflitos e incertezas. O anseio por parte da política, das tecnologias e da sociedade, garante um prever novas iniciativas científicas tanto nos limites da vida como nas convivências sociais.

Além desses parâmetros, são inúmeros os demais e várias as exceções, as “individualidades” e, conforme mais específico o estudo, menos geral deve ser a abrangência das condutas, das atuações bioéticas.

Essa realidade da verídica dificuldade de compreender a Bioética e suas atuações divulga a necessidade de emprego de vários profissionais nesse grande projeto científico-cultural de ampliação e compreensão do conhecimento já adquirido e do advento das novas tecnologias. É necessário que a humanidade reflita sobre o princípio da responsabilidade científica e social e que a racionalidade ética caminhe a passos largos, disputando palmo a palmo, um espaço junto ao progresso científico e tecnológico.

Artur Rodrigues Janeiro; Keyla Carolina Boralli – 3º ano de Ciências Biológicas







Nos encontre nas redes sociais: