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ARTIGOS: Biotecnologia




Biotecnologias: a artificialidade se humaniza

Diante da constante aquisição de novos conhecimentos, metodologias e aplicações práticas apresentadas pelas ciências biológicas nota-se o quanto esta disciplina tem avançado nas últimas décadas e o quanto o debate sobre a bioética se faz necessário para acompanhar uma ciência que rápida e seguidamente vai ultrapassando novas fronteiras do conhecimento humano.

No contexto das novas pesquisas que estão sendo realizadas, como vacas que produzem medicamentos no leite, organismos geneticamente modificados, nanotecnologias associadas a microorganismos e até a manipulação genética em nossa própria espécie, é necessário saber avaliar tais fatos com a visão aguçada e criteriosa de quem analisa tais eventos sob o olhar da ética.

A bioética é o conhecimento produzido por aqueles que se importam e se preocupam em extrair da biologia um conhecimento que seja benéfico aos humanos . O processo de obtenção deste conhecimento não deve explorar ou destruir outros organismos e até seres humanos de maneira irracional e descontrolada em nome da “ciência”. A bioética pode ser a única segurança que a sociedade tem de que um amplo diálogo esteja ocorrendo na elaboração das chamadas biotecnologias para minimizar os riscos e aumentar os benefícios que estendam à população em geral.

A biotecnologia em si não é algo novo. Pode-se dizer que a biotecnologia é a produção de bens a partir de elementos biológicos, assim tem-se o uso da biotecnologia desde a fabricação do pão – que já ocorre há milênios – até a atual produção de teias de aranha em laboratório.No entanto, como apontado no artigo “Nanopartículas” da revista eletrônica “Biotecnologia ciência e desenvolvimento” Ano X – nº 37, a tecnologia do DNA recombinante marcou em 1970 o início da era moderna da biotecnologia. No ano de 1990 foi o lançamento do projeto genoma, com o objetivo de decodificar todos os genes do ser humano. Já em 1997 nascia o primeiro organismo clonado em laboratório: a ovelha Dolly. Ao elencar os riscos, a grande preocupação é olhar para o potencial dessas biotecnologias como fatores que podem prejudicar o desenvolvimento humano. No livro “teologia moral – questões vitais” de Antônio Moser há uma referência importante já no primeiro capítulo sobre o perigo da discriminação: “De fato, a biotecnologia pressupõe, como ponto de partida, uma espécie de modelo ideal do humano: em termos de estatura, cor, e até mesmo de inteligência... E é aqui, novamente, que mora o perigo relacionado com a eugenia, que se encontra na origem de todo tipo de discriminação”.

Além dos riscos de novas formas de preconceito, ainda são elencados outros perigos: “Temos realidades palpáveis e abrangentes como a cana-de-açúcar ou os transgênicos que minam o poder de reprodução das espécies nativas” diz Eduardo D. de Medeiros – Ecólogo, terapeuta holístico e professor de yoga – em entrevista exclusiva para alunos do segundo ano da biologia da Unesp de Rio Claro.

Ainda em seu livro “Teologia Moral – Questões vitais”, Antonio Moser considera a importante possibilidade que a biotecnologia apresenta para a recuperação de ambientes degradados.

Dentre as muitas possibilidades de melhorias para a qualidade de vida dos seres humanos com o uso da biotecnologia, podem ser exemplificados: Produção de alimentos enriquecidos nutricionalmente, aumento de produção e barateamento de substâncias como a insulina, produção de alimentos que resistam a pragas que prejudicam consideravelmente as safras causando elevação de preços e falta de gêneros alimentícios. Na análise dos prós e contras dos trabalhos que a biotecnologia já produziu e dos que ainda estão sendo desenvolvidos, devemos considerar o princípio bioético de manutenção da dignidade humana e o da não discriminação entre seres humanos – tanto os que fazem as pesquisas quanto os que são pesquisados.

Sendo assim, “a biotecnologia é vista como um grande avanço e uma grande contribuição para melhorar a dignidade e qualidade de vida dos seres humanos (...) Respeitando as orientações de fundo ético e primando pela dignidade do ser, e pelo igual direito de todos a biotecnologia é extremamente importante” diz Adalton Demarchi – Padre e professor formado em teologia em entrevista aos alunos do segundo ano de biologia da Unesp Rio Claro.

Pode-se refletir que se a aventura da vida passa pelo escopo da natureza, a aventura da humanidade atualmente passa pelo escopo da criação humana através da biotecnologia. Portanto, é nosso dever como biólogos informar a sociedade de forma completa, clara e objetiva, zelando pelos princípios éticos que regem todas as atividades humanas e sobretudo pelos princípios bioéticos que norteiam as atividades de cientistas ligados às áreas biológicas.

Anderson Falcade, Saulo de Oliveira, Gilmar Nogueira Júnior e Thierry Alexandre G. B. Denardo – 2º ano de Ciências Biológicas







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