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ARTIGOS: Reprodução




Reprodução Artificial e Programada

A Reprodução Humana Assistida (RHA) se tornou um assunto polêmico desde o início dos contraceptivos e, mais polêmico ainda, quando foram introduzidos os conceptivos. Hoje pairam preocupação e certa fantasia sobre as novas tecnologias de reprodução e as possíveis programações de bebês.

Podemos destacar quatro momentos decisivos na história da sexualidade (heterossexualidade) e procriação humana. O desconhecimento do papel dos pais na procriação; a conseguinte descoberta deste papel, ainda que a idéia de que a sexualidade devesse ser dirigida somente à procriação; a introdução de contraceptivos e a separação da heterossexualidade da procriação e, mais adiante, o surgimento das Novas Técnicas Reprodutivas conceptivas (NTEc).

Há diversas vertentes de opinião sobre a RHA, desde os que a condenam fervorosamente aos que a apoiam em plenitude. Há uma linha tênue entre opiniões intermediárias, não sendo um assunto que deve ser tratado levianamente.

Dentre as técnicas já utilizadas de reprodução assistida estão a fertilização “in vitro” e inseminação artificial; estas podem ocorrer com gametas dos próprios aspiradores da paternidade ou de doadores. A venda de gametas é proibida por lei no Brasil, porém permitida em países europeus e nos EUA, o que gera o chamado turismo reprodutivo, havendo importação de sêmen e óvulos. Também é muito freqüente a desobediência da lei por clínicas de reprodução pela manipulação de embriões.

A possibilidade da manipulação embrionária gera na população uma idéia fantasiosa, reproduzida em livros como 1984 (Eric Arthur Blair) e Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) e livros como Gattaca (dir. Andrew Niccol). A programação humana, no entanto, não se desenvolveu a ponto de modificar caracteres genéticos; há, contudo, a possibilidade de eugenia para doenças hereditárias e sexo.

Não obstante, as Novas Técnicas Reprodutivas conceptivas (NTRc) vigentes já geram controvérsia, principalmente para os ramos religiosos da sociedade. O Estatuto do Embrião é um exemplo de instituição de cunho religioso que “dita” os direitos do embrião segundo tais convicções, se colocando contra congelamento e descarte de gametas e embriões. Outros ramos não religiosos se opõem à RHA, argumentando que as mulheres se tornam produtos, assim como seus óvulos.

A escritora Gena Corea, por exemplo, crê que há uma “prostituição” em relação a doadoras de óvulos e também a mães de aluguel. Muitos estudos, porém, mostram que a maioria das chamadas “barrigas de aluguel” não tem como motivação principal a recompensa financeira. A autora também acredita que é necessário prestar mais atenção às causas da infertilidade, como exposição a produtos químicos e poluição e doenças facilmente curáveis, antes de introduzir técnicas sem freio; técnicas estas que poderiam modificar drasticamente a sociedade

Além disso, a escolha de óvulos destas mulheres seria permeada por padrões sociais; exemplo disso são os anúncios de compra de óvulos para universitárias de universidades como Harvard.

No entanto, há muitas vertentes favoráveis à RHA, defendendo a possibilidade de paternidade a indivíduos inférteis ou portadores de doenças hereditárias. Há aqueles, também, que crêem que as novas tecnologias devem ser utilizadas em seu máximo alcance. Porém, há muitas opiniões intermediárias que condenam eugenias desnecessárias e temem possíveis conseqüências sociais e econômicas geradas pelas técnicas.

Ainda controversa e muito fantasiada, a Reprodução Humana Assistida tem se aprimorado cada vez mais, trazendo esperança de paternidade para muitos indivíduos inférteis. Não se deve, porém, acatá-la sem crítica, já que envolve assuntos controversos de programação e interesses científicos (pesquisa com óvulos e embriões) e financeiros. É necessário também colocar a questão em uma perspectiva ampla, e não individual.

Ana Carolina Antunes, Bebiana C. Moreno, Gabriela J. Chapchap, Luiza R. Cholak e Mariana F. Waligora – 2º ano de Ciências Biológicas







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