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ARTIGOS: Bioética




Diagnóstico Social do Aborto

Vista das mais diferentes formas pela sociedade contemporânea, a temática do aborto é não só polêmica como complexa e intrigante cheia de contraposições e de assuntos que dependem diretamente de como ela é tratada, principalmente do ângulo legislativo. Em muitos países o aborto é tratado como mais um diagnóstico clínico, sendo vinculado a sistemas de saúde pública, como é o caso do Canadá. Já em outros países, como o Chile, a prática do aborto é considerada abominável, tornando-se completamente inadmissível para as autoridades, ou necessitando de uma causa dita “justa” para que os procedimentos sejam tomados fora do âmbito judicial. Pelo ótica da defesa à vida, não é digno de mérito racional uma junta médica deixar que uma mãe morra por causa de uma gravidez, mesmo que esta possa vir a dar origem a uma vida. Outros casos muitos discutidos estão relacionados à saúde do feto e ao processo de sua formação, dentre esses casos, o do feto anencéfalo. Um feto que não desenvolve sua massa cefálica .O procedimento do aborto é muito bem aceito nesses casos por meio de um olhar novamente voltado para a mulher, não tendo esta que carregar por meses em seu útero uma criança destinada à morte. Para um delito como um estupro, o aborto se torna quase que imediatamente a solução para um dos problemas, não só da mulher violentada, mas também de sua família. Ver um filho crescer sabendo que ele é fruto de um crime, ou olhar para o filho e se lembrar do homem estuprador.

Trinta e sete países liberam a intervenção na gravidez com restrições e trinta e três só liberam quando há riscos para a mãe. Os procedimentos para que aconteça um aborto se enroscam com a grande burocracia e, com isso, há um gasto elevado de dinheiro, tanto para que os processos judiciais ocorram quanto para as pessoas que solicitam o serviço. A clandestinidade acaba por ser a saída mais fácil para as pessoas que necessitam da interrupção da gravidez. Dos trinta e quatro países que permitem a intervenção, a grande maioria é de países desenvolvidos, com condições e estrutura tanto legal quanto médica para a prática abortiva. Nesses países o aborto não foi simplesmente liberado, houve e há grandes campanhas de conscientização da população e formas de prevenção de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, incluindo publicidade e educação sexual nas escolas.

Geralmente nos países em desenvolvimento, onde a prática do aborto é proibida ou cheia de limitações, não acontece qualquer tipo de iniciativa para a conscientização da população, que deve atingir principalmente as crianças e os adolescentes. O resultado não poderia ser outro, setenta e oito por cento dos abortos mundiais são realizados nesses países em desenvolvimento. Da mesma forma que não há o que impeça a edificação de clínicas de aborto em países onde essa prática é legal, não há como impedir que em países onde a prática do aborto é proibida e que ao mesmo tempo, não há uma formação correta no âmbito da educação sexual para as pessoas, que sejam fundadas clínicas clandestinas. As condições precárias da clandestinidade trazem apenas prejuízos, não apenas para o governo ou para a criança que deixa de nascer, mas também para as mães das quais treze por cento dos casos de falência são resultados de abortos ilegais em condições desumanas.

A questão social se encontra muito mais íntima à temática do aborto do que qualquer outro fator. Questões financeiras, etárias, familiares e profissionais são alguns dos maiores motivos dos abortos praticados de forma impensada. A mulher geralmente é moralmente apedrejada por promover um aborto, mas todos se esquecem de que a pressão do homem que se encontra em menos condições que a mulher para assumir um filho é tão grande que chega a agressões. Uma adolescente que engravida nos dias de hoje não encontra apoio algum em uma sociedade na qual ela deveria estar buscando uma profissão e ser solteira pelo menos até os vinte anos.

A pobreza definitivamente não é o maior motivo para a prática do aborto, pois quem o pratica apresenta condições financeiras boas o suficiente para pagar clínicas ou comprar drogas legais ou ilegais de preços exorbitantes para evitar uma gravidez indesejada. Famílias realmente pobres criam e sustentam mais de cinco filhos em cenários por vezes paupérrimos. A prática abortiva é restrita aos mais favorecidos, mas que não por isso são os mais bem instruídos.

As diferentes religiões dão suas opiniões e interferem nas decisões de governos, mas mesmo elas se contradizem nessa temática. Nem mesmo a ciência definiu ao certo o que é vida, quando ela começa e se há razão para essa discussão. Alguns acham que a vida se inicia no momento da fecundação, outros apenas com o surgimento do sistema nervoso, alguns defendem a pesquisa com embriões, outros preferem não tocar nesse tipo de trabalho e outros permanecem indiferentes vendo que a temática não se desenvolverá. Mesmo com as religiões e as definições da ciência dando seus direcionamentos, as decisões com respeito à prática abortiva continuam a par das pessoas. O aborto permanece como uma discussão em aberto, sendo as leis efetivas e o investimento em educação as mais corretas alternativas para se desenvolver uma sociedade que possa conviver com esse tipo de questão, seja a interrupção da gravidez legalizada ou não.

Leonardo Beraldo de Souza, Lucas Andrade Meirelles, Marcel Pratavieira, Pedro Francisco de Mattos Moreno, Renan H. Biagiotto - 2º ano de Ciências Biológicas







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