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ARTIGOS: Filosofia da Ciência




O que é vida

Uma das empreitadas mais complexas e antigas destinadas à ciência da biologia é a conceituação do que é vida. Apesar das diversas tentativas, não se tem, ainda, um consenso a respeito desse desafio espistemológico; não estamos convictos de uma conceituação a respeito dos mistérios que permeiam o significado da vida.

Vida é um conceito muito amplo e admite diversas definições. Pode referir-se ao processo em curso do qual os seres vivos são uma parte; ao espaço entre a concepção e a morte de um organismo; à condição de uma entidade que nasceu e ainda não morreu; e aquilo que faz com que um ser vivo esteja vivo, cuja essência é por muitos considerada a “alma”, o “espírito” ou “sopro da vida”. Metafisicamente, a vida é um processo constante de relacionamentos.

Desse modo, é mais fácil reconhecer e distinguir os fenômenos que estão ou não relacionados à vida do que conceituá-la. Ao observarmos uma árvore, um animal, ou outro ser vivo, nascendo e morrendo, temos características concretas, através das mudanças que ocorrem, que nos permitem identificá-los como seres viventes, diferentemente de uma pedra, um riacho, ou uma montanha, que são estáticos e não nos fornecem subsídios para classificá-los como vivos. Entretanto, esse arcabouço informacional não nos permite estabelecer uma definição para o termo vida, e sim apenas saber diagnosticá-la.

Ao longo dos anos, diversas correntes de pensamento tentaram definir o conceito do signo da vida, como por exemplo, fisicalistas e vitalistas. Desde o século XVI, essas filosofias travavam debates, e em determinadas épocas e locais, pareciam prevalecer, sobressaindo uma sobre a outra. Para os fisicalistas, os organismos vivos não se diferenciavam muito da matériainanimada, o que representava um pensamento mecanicista, sendo, posteriormente, definido como fisicalista.

Já os vitalistas acreditavam que os organismos vivos eram caracterizados por possuírem propriedades que não eram encontradas na matéria inerte e, assim, as teorias não eram passíveis de serem resumidas somente às leis da física e da química, como defendiam os fisicalistas. Hoje se sabe que ambas as correntes de pensamento não estavam completamente corretas ou incorretas. A teoria mais aceita atualmente mescla as parte coerentes provenientes dos dois conceitos, caracterizando a chamada teoria organicista.

O significado de vida para as ciências biológicas está intrinsecamente relacionado às proposições organicistas, as quais recusam que os fenômenos da natureza possam ser reduzidos exclusivamente às leis físico-químicas, já que não explicam a totalidade do fenômeno vital. Por outro lado, reconhece a existência de sistemas hierarquicamente organizados com propriedades que não podem ser estendidas por meio do estudo de partes isoladas, mas sim em sua totalidade e interdependência.

Desta maneira, quando biólogos pensam a respeito de “vida”, eles não o fazem baseados na vida em oposição à morte, mas sim na vida em oposição a objetos que possuam características inanimadas. Assim, a complexa questão “o que é vida?” passa a ter outra abordagem para a ciência, sendo traduzida para “quais as características dos sistemas vivos?”. Entretanto, há aqueles que consideram que muito mais do que possuir características biológicas dos seres vivos, é preciso existir, no amplo sentido da palavra, ou seja, viver e coexistir em profundo relacionamento com a natureza, com as outras pessoas e demais organismos.

Abigail Savietto, Paula Maldonado Rabelo – Segundo ano de Ciências Biológicas







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