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ARTIGOS: Filosofia da Ciência




Pedagogia no Cinema

Vivemos na era da tecnologia e nós, obviamente, a amamos. Adoramos acima de tudo os recursos audiovisuais, sendo que é muito raro nos deparamos com pessoas que não gostam de assistir a um filme, seja nas grandes telas do cinema ou aconchegado no sofá de sua casa. Temos conhecimento sobre a importância e a influencia desse meio de comunicação na nossa sociedade, entretanto será que temos consciência da magnitude do poder de tal mecanismo? E em um ambiente escolar, poderão os educadores utilizar dos filmes seguramente como ferramenta pedagógica?

O fato é que quando explorado e ou interpretado de forma errônea, consequentemente, alguns problemas aparecerão. Principalmente os de cunho psicobiológico, pois sabemos como o cinema movimenta e deixa turbulento o nosso imaginário, por se utilizar da conhecida ficção científica.

A ficção científica foi desenvolvida no século XIX, a qual lida principalmente com o impacto da ciência, tanto verdadeira como a ficticia, sobre a sociedade ou os indivíduos. O termo é usado, de forma mais geral, para definir qualquer fantasia literária, podendo incluir o fator ciência como componente essencial. A ficção científica só se tornou possível pela ascensão da ciência moderna, sobretudo pelas revoluções operadas na astronomia e na física.

Sobre a barreira do real e do imaginário, Foucault a explica perfeitamente em uma passagem “as utopias consolam: se elas num tem um lugar real, pelo menos se expandem num espaço maravilhoso e liso; elas abrem cidades com vastas avenidas, jardins bem plantados, regiões acessíveis ainda que seu acesso seja quimérico”. Tal imaginario é massantemente trabalhado pelos filmes, que nada mais é do que um produto audiovisual finalizado, com uma certa duração, para ser exibido no cinema, na televisão ou em algum outro veículo. Um filme é formado por uma série finita de imagens fixas, registradas sobre um suporte físico e que, projetadas a uma velocidade maior que a capacidade resolutiva da visão humana, dão ao espectador a sensação de movimento.

Sendo que importante termos em mente que o cinema não é um órgão de cunho pedagógico, porém como vivemos num tempo midiático não há como não traduzir os conteúdos produzidos pela mídia, nesse caso, os abordados pelo cinema, para os dias atuais e não existe forma de compará-lo interpretando a mensagem transmitida do filme para o campo biológico e pedagógico.

Existe toda uma preocupação com a imagem que é transmitida pelos filmes que usam animais como protagonistas. Tal preocupação pode enfatizar duas vertentes na maneira como esses filmes transmitem e alimentam uma abordagem imaginária desses animais. O primeiro enfoque traz o animal numa visão negativa ao representar insetos e outros animais como macabros, devastadores, amedrontadores. Enquanto que na segunda vertente os filmes que se utilizam de animais não como seres malignos e horrendos, mas como bons, amigos e seres que portam inteligência, são filmes que humanizam esses animais, ou seja, não os tratam como seres biologicamente diferentes dos seres humanos, porque nesses filmes todos os animais demonstram sentimentos, emoções e outras atitudes humanas e não instintivas daquela determinada espécie, embora alguns aspectos como habitat, alimentação e outros aspectos biológicos, sejam abordados na maioria desses filmes, mesmo que seja em segundo plano.

Basicamente, segundo análises históricas que abordam animais como protagonistas de filmes pode-se perceber que até, aproximadamente, a década de 90 os filmes apelavam para a ficção científica em demasia e além do mais abrangiam animais, desde insetos até grandes vertebrados, de maneira negativa, ou seja, esses animais eram criados num meio fictício dotados de crueldade, monstruosidade e, baseando-se, nessa ênfase, eram produzidos os filmes. Sendo que muitas dessas produções marcaram a história do cinema e a opinião de muitas pessoas em relação a certos animais, como: Aracnofobia, Tubarão, Abelhas Assassinas, Anaconda, Orca a baleia assassina, Os pássaros.

Porém, passados alguns anos, pode-se ver que, atualmente, o cinema apelou para filmes, principalmente filmes animados, que passaram a abranger os animais de maneira humanizada, dotados de sentimento, costumes, falas e outras características que se aproximam do ser humano. Mesmo partindo desse princípio, embora na ficção científica cria-se um mundo imaginário que contrasta com o real, e muito embora o cinema não seja instrumento do âmbito acadêmico e/ou educativo científico, os filmes atuais trazem consigo uma abordagem mais biológica desses animais. É visível que apresentem erros e até mesmo abordem uma visão mais fictícia e imaginativa, mas ao analisar a fundo a maioria dos filmes pode-se pensar que existe um conceito educacional e pedagógico envolvido nestes.

Conclui-se que o cinema tem um papel importante na educação, mesmo não sendo um instrumento pedagógico. Cabe aos educadores e pais saberem utilizá-lo da melhor maneira como ferramenta positiva e educativa. O ideal não é mostrar o imaginário, mas a partir de um filme começar abordar alguns aspectos e características daqueles animais apresentando os pontos positivos e também negativos, como alergias, perigos em ser picados e outros demais. Percebe-se que dos anos 90 para em diante, o cinema assumiu uma posição mais positivista e educativa frente aos animais, mesmo que sejam humanizados, como vemos em A era do gelo, Madagascar, Bee Movie, Procurando Nemo, Vida de Inseto, FormiguinhaZ, Bethoven, FreeWilly dentre outros.

Amanda Maria Picelli, Luana Galvão Morão, Ciências Biológicas – 4º ano de Ciências Biológicas







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