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ARTIGOS: Biotecnologia




Vida e consumo de energia

A energia é necessária para a manutenção da vida. Todos os organismos vivos que existem no planeta precisam buscar energia de alguma forma para sobreviverem. As plantas, por exemplo, conseguem crescer e se desenvolver captando a luz do sol (energia solar) e gás carbônico (CO2), e produzindo açúcares (energia química), pelo processo de fotossíntese; os animais, quando se alimentam das plantas, consomem esta energia química e, somente assim conseguem manter todas as atividades do seu corpo funcionando bem. Até mesmo os microrganismos precisam de energia para viver.

Quando estudamos as hipóteses do surgimento da vida no planeta, precisamos pensar em como os primeiros organismos vivos extraíam a energia do ambiente e a transformavam para o seu uso, nas condições do planeta que provavelmente eram bem diferentes das atuais. Imagine que um meteoro enorme caia hoje sobre a Terra e uma nuvem de poeira e cinzas a cubra completamente. Será que alguma forma de vida tem capacidade para se desenvolver sem luz? As plantas não estarão mais aqui para transformar a energia solar (que não pode mais chegar até a Terra) em energia química. Pois é, alguns estudiosos acreditam que organismos microscópicos, com capacidade para obter energia diretamente de substâncias químicas do ambiente (sem necessidade da conversão pelas plantas), tenham sobrevivido a condições como esta e, ao longo da evolução, tenham dado origem aos organismos atuais.

Acredite, nosso corpo utiliza também energia elétrica! As células de nosso sistema nervoso "se comunicam" utilizando impulsos elétricos, o que nos permite namorar, correr, jogar bola, nadar, pensar, etc. Este é mais um exemplo da utilização de energia para a manutenção da vida, e há muito que discutir sobre isto.

O fato é que a energia também foi utilizada pelo homem para auxiliar e desenvolver suas atividades diárias, favorecendo o desenvolvimento das sociedades humanas. A energia térmica é o primeiro exemplo disso, com a descoberta do fogo, com o qual o homem pôde cozinhar e assar seus alimentos, se defender dos animais que estavam ao redor e também se aquecer nos períodos de frio intenso. Isto aconteceu há mais de 100 mil anos! Aproximadamente 8 mil anos a.C., a agricultura rudimentar surgiu, na Mesopotâmia (região que hoje corresponde ao Iraque); a energia mecânica também passou a contribuir para a vida do ser humano, produzida pela força dos animais no campo, para ajudar a semear os grãos e posteriormente na plantação e transporte dos alimentos. Os animais, que gastaram energia química trabalhando duro no campo, passaram a consumir mais alimento (mais energia química).

Se muita energia era utilizada na agricultura rudimentar, imaginem quando a energia mecânica produzida para movimentar turbinas e moinhos, pelas águas, passou a ser utilizada para processar alimentos, na agricultura avançada (hoje usinas hidrelétricas produzem energia países inteiros). Apesar da utilização de energia pelo ser humano ter crescido muito neste primeiro período, nunca foi tão grande o aumento de seu consumo, como foi a partir da Revolução Industrial. Do final do século XVIII (após 1750) até os dias de hoje, este consumo simplesmente "decolou"! Mas qual a importância deste assunto para a vida no planeta?

O aquecimento global é um fenômeno decorrente, em partes, deste consumo de energia nos últimos séculos, provocado principalmente pelo lançamento de gases à atmosfera, os chamados gases do efeito estufa. Alguns destes gases agridem a camada de ozônio (que protege o planeta dos raios do sol), outros apenas ajudam a prender o calor na atmosfera, aumentando a temperatura. Como consequências deste processo, vemos diariamente na televisão previsões que o nível do mar está subindo, devido ao derretimento das geleiras; além de desequilíbrio climático do planeta, que traz alterações em todas as suas regiões, catástrofes e problemas ecológicos.

Os combustíveis estão entre os maiores responsáveis pela emissão de gases à atmosfera. Os derivados de petróleo e o gás natural, mais consumidos hoje no planeta, são altamente poluentes e, por não serem renováveis (não dá para plantar petróleo), causam uma série de conflitos internacionais pelo domínio de suas fontes. Os biocombustíveis são aqueles obtidos a partir de energia química que passou por processos de fotossíntese recentemente (como as plantas); geralmente, eles emitem menos gases do efeito estufa que os combustíveis derivados de petróleo e, ainda que haja esta emissão durante a queima (no carro, por exemplo), quando fazemos o replantio, a planta (da qual retiramos o combustível) absorve parte do gás carbônico da atmosfera, formando um ciclo. Ou seja, o gás carbônico não fica totalmente na atmosfera, reduzindo os problemas causados pelo efeito estufa.

O álcool (que vemos no posto) é um exemplo: ele é produzido a partir dos açúcares da cana-de-açúcar; seu consumo pelos carros emite gás carbônico para a atmosfera que, ao replantarmos esta cana, ela consome o gás emitido para produção dos açúcares (energia química para a manutenção de sua vida) e que serão utilizados para a produção de mais álcool. O desafio que enfrentamos hoje é que nem toda energia do planeta pode ser renovável. Muitos países não possuem áreas cultiváveis suficientes, ou sequer estão adaptados a estes tipos de energias. Ainda, as áreas de cultivo voltada para a produção de energia, em alguns casos podem competir com a áreas voltadas à produção de alimentos. Por isso, é importante que os governos comecem, com urgência, a traçar planejamentos de energia para o futuro próximo, e que se invista em pesquisa nestas áreas, ou a crise energética poderá trazer sérios problemas, tanto a nós humanos, quando a toda a vida na Terra.

Renato Augusto Corrêa dos Santos; 3º ano de Ciências Biológicas







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