Jornal Biosferas

Brand


ARTIGOS: Rio +20, Conferência, Economia Verde




Entendendo a Rio +20

Vinte anos após a eco 92, a série de discussões sobre o curso do desenvolvimento socio-econômico do planeta associado à preservação ambiental continuam. A Conferência das Nações Unidas, contará com a presença de Chefes de Estado, Chefes do Governo e outros representantes, sendo que dela será produzido um documento político. Estima-se que seja o maior evento das nações unidas superando a Cúpula de Copenhague em número de participantes. Como afirma o diplomata Laudemar Aguiar na página oficial do evento, estão previstos 50.000 participantes, incluindo diplomatas, jornalistas, empresários, políticos e ativistas ambientais, além do número inestimável de população civil que ficará, dentre outras maneiras, acampada.

A Conferência acontecerá do dia 20 a 22 de julho e terá como principal objetivo renovar e reafirmar a participação dos líderes dos países com relação ao desenvolvimento sustentável do planeta. Dentre os principais temas a serem debatidos estão: A importância e o processo da economia verde; ações para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta; maneiras de eliminar a pobreza; a governança internacional no campo do desenvolvimento sustentável e o balanço do que foi feito nos últimos vinte anos em relação ao meio ambiente. Portanto, a Rio + 20 pode ser vista como uma oportunidade para criar uma via alternativa de conciliação entre desenvolvimento econômico, responsabilidade social e conservação ambiental.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), desde a Eco 92 a população mundial aumentou cerca de 1,6 milhão de habitantes e por esse motivo a produção de alimentos teve que dar um salto. O Brasil se destacou no cenário global no âmbito da exportação de alimentos: virou um dos maiores produtores de cereais e o maior exportador de carne do mundo, mas pagou caro por isso. Desde então, foram desmatados 328 mil km² de floresta amazônica, o que equivale aos territórios do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo somados. O desafio atual, portanto, é aumentar a produção de alimentos sem desmatar. Para isso, será utilizado o sistema da “Economia Verde”. Mas, o que é a Economia Verde?

Economia Verde é um processo que visa que o conjunto de processos produtivos da sociedade e as transações deles decorrentes, contribuam cada vez mais para o Desenvolvimento Sustentável, tanto em seus aspectos sociais quanto ambientais. Um relatório lançado na cúpula do Rio + 20 mostra que Economia Verde relacionada ao Desenvolvimento Sustentável pode retirar milhões de pessoas da pobreza. Um estudo feito pela Parceria Pobreza e Ambiente, uma rede bilateral de agências de suporte, bancos de desenvolvimento e agências da ONU e ONGs internacionais, estima que essa transição de modelo econômico, mude o sustento de muitas das 1,3 bilhão de pessoas que ganham 1,25 dólar por dia.

Outro importante fator que leva os estudiosos a acreditarem que a Economia Verde beneficiará as regiões mais pobres do planeta, além de somente os ambientalistas e o mundo dos negócios, é o fato de que países em desenvolvimento e os menos desenvolvidos que adotaram práticas sustentáveis na economia têm conseguido promover um crescimento econômico criador de empregos, sustentabilidade ambiental e inclusão social. Segundo um relatório, regiões mais pobres dos países com renda média possuem alto grau de recursos naturais. Isso facilitaria a construção de uma economia verde com vistas à redução da pobreza.

Exemplos concretos desses fatores podem ser observados na cidade de Lagos, na Nigéria: parcerias públicas e privadas voltadas à melhoria do sistema de transportes estão reduzindo o congestionamento e melhorado as condições nas favelas. Nesses polos de pobreza, foram criados cerca de 4 mil empregos para jovens até então desempregados. E todos os empregos relacionados ao meio-ambiente. Outro exemplo é a Etiópia, que está desenvolvendo seis projetos de energia eólica e um projeto geotérmico, capazes de aumentar a capacidade do país em mais de mil megawatts, que deve gerar um valor estimado de 5% da energia gerada pelo país. E a Mongólia que tem o potencial de agir como uma "super rede" na região, fornecendo energia limpa para os países vizinhos.

Mesmo tendo em vista que este será um evento cercado de polêmicas, como por exemplo, seus desdobramentos ao compromisso com práticas efetivamente sustentáveis e adoção da economia verde por parte das maiores lideranças mundiais, esta promete ser uma oportunidade histórica para que a sociedade aja e promova mudanças.

Isabella Bueno - Jornal Biosferas







Nos encontre nas redes sociais: