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ARTIGOS: Alimentação, mídia, consumo




Rótulos e embalagens, o que você anda comendo?

A nossa alimentação, como há muito já se sabe, é importante para nos dar energia e garantir os nutrientes necessários para o nosso corpo. Mas, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, ela envolve também valores culturais, afetivos, sociais, sensoriais e, muitas vezes, está relacionada com momentos de prazer e confraternização. Dessa forma, a alimentação envolve muito mais que a necessidade de nutrientes, tornando o consumo de alimentos um alvo ideal de manipulação dos meios de comunicação, como já citado por Miotto no seu artigo A influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de baixa renda do projeto Nutrir.

Com a evolução da sociedade, diferentes alimentos foram criados e industrializados, introduzindo novos ingredientes nos produtos com o objetivo de ganhar maior aceitação da população. Dentre esses novos componentes, podemos destacar o açúcar, as gorduras saturadas e trans para garantir maior maciez, leveza e cremosidade ao alimento, sódio para acentuar o sabor da comida, corantes e aromatizantes. O açúcar fornece energia ao organismo, no entanto, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008/2009), 61% da população brasileira ingere açucares em excesso devido ao consumo de sucos, refrigerantes e refrescos, adicionados de açúcares, aliado ao baixo consumo de frutas e verduras. Por outro lado, o consumo de frutas e de outros vegetais ainda não atingiu a quantidade mínima de 400g por dia, considerada adequada pela Organização Mundial da Saúde.

As principais fontes de gorduras saturadas são alimentos de origem animal (manteiga, banha, toucinho e carnes e seus derivados, leite e laticínios integrais). Já as gorduras insaturadas são encontradas em maior quantidade nos óleos vegetais. A gordura trans (hidrogenada), por sua vez, é utilizada como ingrediente, geralmente, nos biscoitos, recheados ou não, nos bolos e pães industrializados, e em outros tipos de massas, margarinas e creme vegetais.

O seu valor diário recomendado esta estipulado em 2 gramas por pessoa. Entretanto, a legislação criada em 2006 possui uma brecha que permite que a quantidade de gordura trans seja omitida das embalagens se for inferior a 0,2 gramas por porção. A ANVISA afirma que, com esta omissão na informação fica ainda mais difícil o controle da quantidade de gorduras ingeridas.

O sódio é um mineral que compõe quase a metade (40%) do sal. As principais fontes de consumo de sódio são: o sal de cozinha e os alimentos prontos para o consumo (que possuem sal adicionado e aditivos contendo sódio). O consumo diário de sódio recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 2000 mg, o que equivale a 5 g de sal por dia (1 colher de chá), enquanto no Brasil o consumo de sal é bem maior, chegando a aproximadamente 12 gramas por dia de acordo com a ANVISA. Pirâmide Alimentar

Todos esses ingredientes quando ingeridos em excesso podem trazer problemas à saúde, como obesidade, hipertensão, acúmulo de gorduras nos vasos sanguíneos e problemas no coração. Os maus hábitos alimentares são realmente preocupantes se considerarmos que as maiores causas de morte no Brasil são devido a problemas cardiovasculares.

Os novos produtos alimentícios perderam qualidade nutricional e ganharam força de consumo, principalmente através da publicidade e propagandas em meios de comunicação de massa, como a televisão. A mídia é capaz de manipular os desejos da população tornando o produto algo mais necessário e transmitindo a ideia de sucesso e modernidade em relação ao produto que está sendo divulgado.

Além da propaganda através da mídia, a indústria de alimentos se utiliza muito de embalagens atrativas, promoções, sorteios e brindes que também possui um elevado grau de aceitação da população, principalmente do público infanto-juvenil. Devido a este marketing de marcas para atrair o publico alvo, países como o Chile aprovaram uma lei que versa sobre a composição nutricional de alimentos e proíbem à publicidade de alimentos não saudáveis dirigidos as crianças.

Assim, é importante que a população adquira consciência da qualidade do produto que está adquirindo e do grau de manipulação que os meios de comunicação possuem sobre nossas vidas. Essa conscientização pode ser mais facilmente realizada com a contribuição da família, escola e indústrias através da divulgação de uma alimentação mais ajustada às necessidade reais do organismo e resgatando nossa cultura alimentar de alimentos mais saudáveis. Deve-se, também, instruir a população no momento da compra de seus produtos no intuito de alertá-los aos rótulos dos produtos, prazos de validade, lista de ingredientes e informações nutricionais.

Referências bibliográficas

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Alimentação Saudável: fique esperto!
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares, 2008-2009. Despesas, Rendimentos e Condições de Vida. Rio de Janeiro. 2010.
MIOTTO, A. C.; OLIVEIRA, A. F. A influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de baixa renda do projeto Nutrir. Disponível em: http://www.spsp.org.br/Revista_RPP/24-14.pdf .

Andreia Maressa, Amanda Ribeiro, Arthur de Lima Silva, Lídia Duarte, Sabrina Godoi, Ciências Biológicas - UNESP Rio Claro







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