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ARTIGOS: Meio ambiente, arenização, Pampa




O Bioma Pampa merece mais respeito

A arenização é a retirada de vegetação em solos arenosos, resultando na formação de bancos de areia. No sudoeste do Estado Rio Grande do Sul ela sempre existiu, uma vez que é a natureza, através de vários processos, o principal agente causador desse fenômeno. Num segundo momento as ações antrópicas também contribuem nesse processo. O fato é que as áreas dos areais são sim precursoras de grandes problemas ambientais como assoreamento dos rios e a extinção da vegetação, principalmente das gramíneas que caracterizam o campo. O que afeta diretamente na economia da região uma vez que são diminuídas as áreas de cultivo (pecuária e agricultura). De acordo com o Atlas da Arenização: sudoeste do Rio Grande do Sul de 2001 os municípios de Alegrete, Cacequi, Itaqui, Maçambara, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja, São Francisco de Assis e Unistalda são os municípios que apresentam arenização ou focos do fenômeno.

É justamente o segundo agente causador do processo de quem mais se tem discutido, pelo fato de envolver pessoas e suas ações neste ambiente de característica tão frágil. Os avanços da silvicultura sobre o Pampa com grandes plantios de exóticas, (eucalipto e pinus) através de empresas estrangeiras é um dos pontos mais inspiradores de debates. De um lado, a questão sócio-econômica da região, somada aos investimentos das empresas, a geração de empregos e a incorporação ao plantio de monoculturas florestais. Com o incentivo e apoio do governo que atuou nos meios de comunicação para defender o desenvolvimento econômico que os investimentos trariam e trouxeram para a região. Do outro lado, os ambientalistas, organizações não-governamentais (ONG's) e movimentos sociais, preocupados com a perda da biodiversidade e a descaracterização do Bioma Pampa com o plantio da monocultura silvicultora. Processo de arenização natural e antrópico

É claro que o plantio de pinus e eucalipto não são as únicas monoculturas cultivadas na Campanha Gaúcha, mas são as que têm causado maior impacto, principalmente visual, pela grandiosidade dos plantios e o contraste com o campo nativo de gramíneas. Foi exatamente pelos vastos plantios, principalmente de eucalipto, em áreas de ecossistemas frágeis que se percebeu a necessidade da criação de leis específicas para a silvicultura. Em 2004 se começou a pensar em um Zoneamento Ambiental para atividade de Silvicultura (ZAS). Sendo que só foi aprovado em abril de 2008 através da Resolução 187. As referências para o ZAS são a legislação ambiental e florestal vigentes e o Conselho de Manejo Florestal. Além da NBR 14.789/2001 tendo destaque: o respeito aos acordos internacionais, contribuir para manter as características das diferentes paisagens e biodiversidade do Estado, gerar emprego e renda as regiões de implantação da silvicultura, além da melhoria da qualidade de vida do povo gaúcho, principalmente das regiões de foco.

É fato os cultivos florestais com eucalipto e pinus no sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul. O zoneamento ambiental amparado pela legislação ambiental e florestal vigente também é. Neste momento não cabe mais a discussão contra ou a favor dessas monoculturas. É preciso encontrar formas de como manejar melhor esses plantios que já são uma realidade no Pampa e que se mostraram potenciais de cultivo na região, podendo agregar valor econômico. Por outro lado, é preciso avaliar todo o processo envolvido num contexto mais sustentável. Afinal, é necessario respeitar os processos de formação dos areais pela sua condição natural de existir. Através disso, o Bioma Pampa continuará a ser perpetuado e a região da campanha manterá suas características tanto geológicas, florísticas, faunísticas e culturais que destacam o gaúcho pampeano. Claro que fatores influentes e bastante heterogêneos continuarão a existir no processo de arenização.

Fabiane Granzotto







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