Tenho certeza que você, leitor, se lembra do jogo Super Mário - game muito popular nos anos 90.Por meio dele, a espécie Amanita Muscaria se tornou vastamente conhecida pela cor avermelhada de seu chapéu, repleto de “pintinhas” brancas, deixando-a inconfundível. Mas, afinal, o que seria – originariamente falando – esse cogumelo? Bem, trata-se de um fungo, nativo de locais cujo clima é extremamente frio – como, por exemplo, as florestas de coníferas do hemisfério norte. Eles, os cogumelos, gostam destes lugares principalmente para cumprirem seu ciclo reprodutivo.
A espécie se caracteriza como tóxica ao ser humano pois produz amatoxinas, para as quais inexistem antídotos eficazes; já foi até testado o uso de hemodiálise para a remoção do veneno, apesar do risco do procedimento.
Outra característica marcante da espécie Amanita Muscaria consiste em sua associação com as raízes de pinheiro (pinus spp) sob a forma de micorriza. Neste processo, as hifas do fungo se conectam às raízes da árvore, possibilitando uma facilitação de serviços entre as espécies. Um exemplo disso é quando o fungo degrada moléculas complexas e disponibiliza nutrientes inorgânicos para a árvore em troca de recursos disponíveis na raiz. Este tipo de relação caracteriza-se como uma simbiose, onde as duas espécies se beneficiam.
Acredita-se que este tipo de cogumelos tenha chegado ao Brasil na década de 1950, através de sementes de pinus com inóculos do fungo, trazidas da Europa para fins ornamentais; desde então, pouco se sabe da ocorrência e distribuição geográfica da espécie dentro do território nacional.
Para melhor entender a distribuição desses organismos, foi elaborado um banco de dados construído com o resultado do trabalho de campo de vários colaboradores, de várias regiões do país. A partir desta fonte de informações, foi desenvolvido um georreferenciamento biológico para a espécie no estado de São Paulo. Constatou-se então, após pesquisa, que em ambos os locais com ocorrência comprovada, os cogumelos estavam associados a raízes de pinus, em bosques de pinheiros.
Conclui-se, portanto, que como agente microbiano, a associação entre pinus e amanitas resulta em um melhor desempenho para a vegetação de pinus que, por sua vez, possui um potencial de invasão imenso.Aliás, em algumas localidades, chega a suprimir a vegetação nativa e dominar o ambiente colonizado, transformando mata nativa em verdadeiros bosques de pinheiros. Já o fungo, por sua vez, não causa danos ecossistêmicos observados mas, obrigatoriamente, depende dos pinheiros para crescer e se reproduzir.