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ARTIGOS: Bioética




Eutanásia e a bioética

Julia Mankut - 3º Ano Ensino Médio- Colégio Adventista de Piracicaba


A eutanásia, originalmente definida como ‘’boa morte’’, ou seja, uma morte sem dor ou sofrimento, tem como objetivo reduzir o tempo de vida de um paciente, através da orientação de um profissional da medicina. Este procedimento ocorre quando a um indivíduo em estado terminal, sobrevivendo por ajuda de aparelhos em leitos de hospitais se oferece a opção de desligar os aparelhos, para que então possa sessar o suposto sofrimento do doente e fazê-lo “descansar em paz”.

Este ato de controlar o tempo de vida de uma pessoa enferma envolve princípios morais, éticos e religiosos, decisões que são extremamente delicadas, sempre acompanhadas de uma controvérsia.

De acordo com os princípios cristãos, uma boa morte é aquela que ocorre de forma “natural”, quando o indivíduo está espiritualmente pronto para seguir seu caminho que o conduzirá até Deus. A verdade decisiva que leva à conclusão de que Deus é contra a eutanásia é sua soberania sobre a vida e a morte e, neste quesito, para os cristãos a eutanásia poderia ser entendida como a usurpação deste poder divino.

No quesito do biodireito, no Brasil, a eutanásia ainda é considerada crime. Quando é executada, mantêm-se um “pacto de silêncio” quer nas unidades de assistência públicas ou particulares, o que acaba tornando tal decisão um ato dissimulado e infracional. O assunto é excluído da discussão pelo Ministério da Justiça, por considerá-lo muito polêmico.

Existem conceitos que a tipificam: Eutanásia ativa, eutanásia passiva e eutanásia de duplo efeito; e quanto ao consentimento do enfermo em eutanásia voluntaria, eutanásia involuntária e eutanásia não voluntária. Ainda surgem mais conceitos no que se refere ao fim da vida, entre eles o suicídio. Tendo estes conceitos em mente, é possível discutir os prós e contras sobre este tema que sempre deve passar pelo crivo da bioética.

Quem é a favor da eutanásia acredita que seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas que estejam em fase terminal ou sem qualidade de vida. Defendem que a pessoa morre de uma forma pouco dolorosa significando que teve uma morte digna. Porém, relacionado à bioética, será que essa atitude seria uma maneira digna de morrer?

Já os argumentos que são contra vão desde os religiosos, éticos até mesmo os políticos sociais. Lembrando o próprio juramento de Hipócrates que considera que a vida como um dom sagrado, sobre a qual o médico não pode ser juiz. Percebe-se a dimensão complexa do assunto. Outros argumentos contra concentram-se na parte legal, uma vez que o código penal atual não especifica nenhuma permissão da eutanásia, condenando qualquer ato que ponha fim a uma vida como homicídio ou auxílio ao suicídio. Mesmo que a pedido da vítima ou por alegada “compaixão”, estes são punidos criminalmente.

Embora muitos sejam a favor da eutanásia e muitos contra, deve-se levar em consideração a bioética. Deve-se ponderar pela vida, mesmo que o doente peça pela morte. A medicina visa fazer sempre o máximo para salvar o próximo, mesmo que a vida do indivíduo já esteja sob o risco, e é preciso cuidado pra que a perda de esperança não inviabilize uma recuperação, pois alguns casos de cura são inesperados mesmo dentro da medicina mais avançada. Sabe-se que há muito a se discutir antes da tomada de decisões sobre este tema. Assim, não se pode deixar de falar, nem falar levianamente sobre um assunto que divide opiniões mesmo entre os mais aptos estudiosos.







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