Na Ilha do Cardoso, para conhecer ainda mais a biodiversidade, visitamos
a mata de restinga. À primeira vista, o verde das bromélias, samambaias
e orquídeas preenchem a visão. Com as devidas explicações, descobrimos
que o solo é pobre, seco e arenoso, o que implica também tamanho das árvores,
que são baixas, com aproximadamente quatro metros e com troncos e galhos
finos, espaçados, permitindo a passagem de luz.
Na mata de restinga é possível identificar diversas espécies de plantas
epífitas, ou seja, aquelas plantas que se fixam em árvores, como a baunilha,
que é uma orquídea. Também há, no solo, plantas carnívoras, que capturam
insetos para complementar a falta de nutrientes. É importante destacar
que a área de restinga da Ilha do Cardoso abriga o maior número de espécies
de epífitas: 178, dez vezes mais que no Cerradão do sudoeste paulista.
Da restinga, à mata atlântica, há uma mudança no aspecto visual. A luminosidade
é menor em relação à mata de restinga devido ao grande número de árvores
com grandes copas, que dificultam a passagem de luz. Ao se olhar para cima,
tem-se dimensão da diferença das árvores: podem atingir mais de 15 metros,
com troncos grossos, a ponto de uma única pessoa não conseguir abraçá-lo
sozinha. As bromélias, devido à dificuldade de captarem a luz, se situam
no alto das árvores. Além disso, é possível conhecer o palmito Juçara,
tão explorado ilegalmente para a venda ao comércio.
Outra característica da Ilha do Cardoso é logo sentida pelo nariz: o cheiro
do mangue, uma mistura de maresia com ovo podre, faz-se forte. É um odor
característico, originado das bactérias que decompõem a grande quantidade
de matéria orgânica presente, liberando um gás à base de enxofre (sulfídrico).
No manguezal de Cardoso há quatro tipos de espécie: mangue-vermelho,
branco, preto e amarelo. O mangue-vermelho tem esse nome, pois quando sua
casca é raspada, apresenta uma coloração avermelhada. Ele se reproduz por
meio de sementes (propágulos), que germinam ainda presas à planta-mãe,
aumentando as chances de reprodução.
Já o mangue-amarelo é uma árvore de casca lisa castanho-claro que, quando
raspada, mostra cor amarelada. É uma espécie tolerante à alta salinidade.
Suas folhas têm cor esbranquiçada por baixo e eliminam o sal de seu interior
por meio de aberturas chamadas estômatos, que se localizam em sua superfície.
O mangue-preto, por sua vez, possui folhas de forma de lança, com brilho
bastante intenso e o caule bem escuro. Suas raízes ficam acima do solo
e auxiliam na respiração da árvore. Já o mangue-branco pode chegar
a 18m de altura, e conta com um tronco áspero e cheio de fissuras.
O professor Vlamir explica a importância do mangue: "Ele atua como
filtro do que vem do continente. A eliminação dos manguezais causa extinção
de muitas espécies de peixe, crustáceos, moluscos, todos necessários na
manutenção dos ecossistemas e com importância econômica para a população
local".
Além de sua relevância para a manutenção da vida, o Parque Estadual da Ilha
do Cardoso tem grande relevância no que diz respeito as suas belezas naturais
e sua biodiversidade. Embora tenha muitos borrachudos, é um lugar que marca
como experiência de vida. Vale a pena conhecer e compreender sobre seus
ecossistemas.