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CONSEQÜÊNCIAS NEGATIVAS |
Atualmente, vem crescendo o incentivo e os financiamentos à estudos ambientais, principalmente aos relacionados a minimizar as conseqüências sócio-econômicas ocasionadas pelos processos naturais, sendo que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu os anos 90, como a Década Internacional para Redução de Desastres Naturais.
As conseqüências negativas da ocorrência dos processos naturais são ocasionadas pela inadequada interação do Homem com o ambiente natural, pois como Suguio (1999) afirma "o Homem constitui a razão da existência do risco, já que os fenômenos naturais constituem eventos normais e freqüentemente previsíveis".
Portanto, neste capítulo veremos algumas informações a respeito das conseqüências de acidentes naturais, causados por processos da dinâmica externa e interna que vimos anteriormente.
A figura a seguir apresenta uma estimativa de mortes causadas por acidentes naturais no século XX, que atinge um total de 4,08 milhões. Essa estimativa foi realizada pelo Committee for Disaster Research of the Science Council of Japan, tendo sido anunciada em 1989.
Pode-se observar na figura a relação entre os diferentes processos naturais e as porcentagens de perdas de vidas humanas. Cabe destacar as enormes conseqüências sociais dos acidentes associados aos processos de dinâmica interna, mais especificamente dos terremotos (50,9 %), das erupções vulcânicas (1,9 %) e das Tsunamis (0,5 %). Dos processos que mais freqüentemente ocorrem no Brasil (escorregamentos e enchentes), no quadro mundial apresentado na figura, o primeiro mostra um valor bastante modesto em relação aos outros processos (0,1 %). Já as enchentes apresentam a segunda maior causa de mortes (29,7 %) (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999).
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ESCORREGAMENTOS |
No Brasil não há muitas informações e dados oficiais sobre as conseqüências sócio-econômicas da ocorrência de escorregamentos, para que seja elaborado um panorama da situação nacional. Amaral et al. (1993) apud Augusto Filho (1995) apresentam uma quantia de cerca de 7,1 milhões de dólares (valores da época), relativa aos gastos para realização de obras de contenção de encostas no Rio de Janeiro, no período de 1988 a 1991.
O Instituto Geológico, órgão ligado a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, mantêm um banco de dados atualizado sobre a ocorrência de escorregamentos no litoral paulista.
A tabela abaixo apresenta um levantamento de acidentes associados a escorregamentos ocorridos no Brasil (modificado de Augusto Filho, 1995).
DATA | LOCAL | MORTES | PERDAS SÓCIO-ECONÔMICAS |
1928 | Santos (SP) | 60 | Destruição parcial da Santa Casa de Santos |
1948 (dez) | Vale do Paraíba (RJ /MG) | 250 | Destruição de centenas de casas |
1956 | Santos (SP) | 43 | Destruição de 100 casas |
1966 (jan) | Rio de Janeiro (RJ) | 100 | |
1967 (jan) | Serra das Araras (RJ) | 1.200 | Destruição de dezenas de casas, rodovias e uma usina hidrelétrica |
1967 (mar) | Caraguatatuba (SP) | 120 | Destruição de 400 casas |
1971 (abr) | Salvador (BA) | 104 | Milhares de desabrigados |
1972 (ago) | Campos de Jordão (SP) | mais de 10 | Destruição de 60 moradias |
1974 (abr) | Maranguape (CE) | 12 | Destruição de dezenas de casas |
1986 (dez) | Lavrinhas (SP) | 11 | Destruição de casas e pontes |
1988 (jan) | Cubatão (SP) | 10 | |
1988 (fev) | Petrópolis (RJ) | 171 | 1.100 moradias interditadas, 5.000 desabrigados |
1988 (fev) | Rio de Janeiro (RJ) | mais de 30 | Destruição de dezenas de moradias |
1989 (jun) | Salvador (BA) | cerca de 100 | Destruição de dezenas de moradias |
1989 (out) | São Paulo (SP) | 14 | |
1990 (jul) | Recife (PE) | cerca de 10 | |
1990 (out) | Blumenau (SC) | cerca de 10 | Destruição de várias moradias, pontes e vias |
1990 (out) | São Paulo (SP) | cerca de 10 | |
1992 (jan/fev) | Belo Horizonte (MG) | mais de 10 | |
1992 (mar) | Contagem (MG) | 36 | Destruição de dezenas de moradias e centenas de desabrigados |
1992 (mar) | Salvador (BA) | 11 |
Para maiores informações sobre dados referentes a acidentes relacionados a escorregamentos no Brasil, clique aqui.
Encerramos a parte teórica do módulo 3 (tópico Interação Homem-Ambiente), a seguir veremos as leituras recomendadas e os exercícios propostos.