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Método da Iluminação Central ou Linha de Becke:

Nesse método emprega-se uma objetiva de médio à grande aumento (20 – 35X) , diafragma íris parcialmente fechado e condensador móvel.

O método consiste em focalizar um grão do mineral em contato com o bálsamo ou outro meio qualquer e deseja-se verificar se o índice de refração do mineral é maior ou menor do que o líquido de imersão. No contorno do grão, observa-se uma linha grossa e escura e outra linha brilhante chamada de Linha de Becke. Afastando-se a objetiva da posição de focalização, de F1 para F2 a Linha de Becke move-se para o meio de maior índice de refração, conforme mostram as figuras ao lado.

Legenda: Representação esquemática da movimentação da linha de Becke conforme o índice de refração do mineral (nm) for menor (caso a) ou maior (caso b) que o meio envolvente (nb). Em ambos os casos, a platina do microscópio foi abaixada em relação à objetiva. Observe que a Linha de Becke (representada como amarela) se move sempre para o meio de maior índice de refração.

Pode-se explicar o aparecimento da linha de Becke através do fenômeno da reflexão total. Assim, admitindo-se que dois meios A e B com índices de refração iguais a n e N, onde N > n, acham-se em contato reto e vertical entre si conforme mostrado na figura abaixo, e sendo o feixe de luz incidente no mineral convergente, os raios 1 e 2 propagam-se inicialmente através do meio A, incidem no contato com o meio B. Como o índice de refração do meio A (n) é menor do que o do meio B (N), sempre haverá refração, independente do ângulo do raio incidente, sendo que os raios refratados se aproximarão da normal,  pois segundo a lei de Snell:

Ou então

Onde:

i= ângulo do raio incidente

l= ângulo do raio refratado

Como n/N é menor do que 1, senl será sempre menor que 1 (ou l < 90o)º.

Legenda- Dois meios A e B com índices de refração n e N sendo N>n, dispostos em contato reto e vertical entre si. Os raios 1 e 2 como se propagam do meio de maior para o de menor índice de refração, independente do ângulo de incidência sempre se propagam do meio A para o B. Os raios 3 e 4, propagam-se do meio de maior para o de menor índice de refração, e assim, incidem com um ângulo na interface entre A e B, maiorque o ângulo limite, sofrendo reflexão total. Com isso a Linha de Becke é uma concentração anormal de luz sobre o meio de maior índice de refração.

Os raios 3 e 4 se propagam no meio B, que apresenta índice de refração maior do que o meio A. Quando atingem a interface com o meio A, observamos que a progressão destes raios para o meio A nem sempre ocorrerá, pois aplicando-se a Lei de Snell, teremos que:

Ou seja N/n assume um valor maior do 1 e consequentemente para que haja refração o senl deve ser menor que 1 ou l < 90º. Assim, raios incidentes que atingirem a superfície do mineral com valores de i que fizerem o senl > 1 ou l > 90o, eles não sofrerão refração mas sim, reflexão total.

Assim, como os raios 3 e 4 atingem esta interface com ângulos maiores do que o ângulo limite (senl= 1), sofrem reflexão total e assim ficam concentrados no meio B, aquele de maior índice de refração.

Assim, o efeito da Linha de Becke será uma concentração de luz acima do contato no lado do meio de maior índice de refração.

Ao microscópio, a Linha de Becke não é suficientemente clara para ser definida quando o aparelho estiver focalizado exatamente sobre o fragmento, por isso é que se abaixa a platina do microscópio.

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